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OS TUBARÕES & UM MERGULHO NO OCEANO POR MAYSA SANTORO

Atualizado: 11 de ago. de 2020


Uma entrevista com a Bióloga Maysa Santoro para nos inspirar a amar os oceanos e proteger o que amamos.



Os tubarões são os predadores perfeitos. Eles passaram por mais de 400 milhões de anos de evolução e sobreviveram a quatro eventos de extinção em massa.


A nossa força é importante na luta para proteger espécies e habitats marinhos ameaçados.



Conte-nos sobre a primeira vez que você encontrou um tubarão debaixo d'água. O que você sentiu?


A primeira vez que encontrei um tubarão embaixo d’água não senti medo como achei que sentiria, mas o contrário disso fiquei serena. Parecia que o relógio tinha parado naquele momento. Acredito que isso se deva a hidrodinâmica e comportamento do animal, que ao contrário do que pensamos, são calmos na maior parte do tempo e nadam de forma fluida e delicada. É gostoso observa-los, porque eles nos ensinam que não precisamos ter pressa para nada, apenas direção e precisão.


O que você acha dos tubarões que nos fascinam?


Os tubarões são predadores de sucesso! São ágeis na caça, precisos em seus movimentos e extremamente sensitivos! Possuem órgãos sensoriais especializados, como as ampolas de Lorenzini, eletrorreceptoras, capazes de detectar temperatura, salinidade e campos elétricos gerados por outros animais, ou seja, ajudam os tubarões a detectar vibrações ao seu redor.

Sempre digo que não existem seres mais ou menos evoluídos, mas aqueles que estão bem adaptados ao meio em que vivem. Embaixo da água, nós seres humanos, não respiramos e nem nadamos bem, o que nos coloca em uma posição muito vulnerável diante desses animais topo de cadeia do ecossistema marinho. Isso fascina!


Existem criaturas muito mais perigosas no planeta, por que as pessoas têm tanto medo? Não pode ser apenas um filme, pode?


Tudo aquilo que não conhecemos bem, pode nos gerar medo, nojo e/ou repulsa. É por isso que de modo geral o grupo dos insetos, destacando as baratas e os besouros, recebe tanto o nosso preconceito. O mesmo acontece com as serpentes e com os tubarões. Quanto mais diferentes de nós, morfologicamente e fisiologicamente falando, mais precisamos estudar para compreender as razões de cada um ser da forma que é. Na natureza nada é a toa! Cada ser vivo desempenha um papel fundamental na teia da vida e ele só faz isso porque tem o corpo e o comportamento adaptado para o ambiente em que vive.

Os filmes sensacionalistas se aproveitam da falta de conhecimento de grande parte da população para atrair as pessoas através do medo e da ignorância ao invés da admiração e amor genuíno pela outra espécie! O que nos mostram é inverossímil. Tanto as serpentes quanto os tubarões não perseguem seres humanos e nem se alimentam da nossa espécie como parte da sua dieta. Infelizmente acidentes acontecem, tanto por confrontarmos esses animais e eles precisarem se defender, como por confusão se nós mergulharmos em um dia de baixa visibilidade da água, por exemplo.

Os acidentes podem ser evitados se entendermos o ambiente a ser explorado, o comportamento da espécie e se respeitarmos o seu espaço.


E os tubarões-baleia, como é estar na presença deles?


Mergulhar e encontrar um tubarão-baleia, Rhincodon typus, é simplesmente travar contato com a paz. Apesar de serem os maiores peixes do oceano, eles não caçam como um tubarão branco ou um tubarão tigre. Eles são filtradores, se alimentam de fitoplancton, que são seres vivos diminutos que vivem na coluna d’água. O seu tamanho impressiona e o seu padrão de cores é tão belo que nos emociona embaixo d’água! É gostosa a sensação de sermos tão pequenos diante de tanta beleza!

Infelizmente essa é uma espécie ameaçada de extinção. Eles têm sofrido com as mudanças anormais na temperatura da água, lixo marinho e ainda acidentes com embarcações. Observar um animal em seu ambiente natural pode aumentar a nossa conexão com eles e consequentemente o nosso desejo pela sua preservação, afinal, só protegemos aquilo que conhecemos e admiramos. Mas é preciso fazer com responsabilidade, nunca perseguido ou tocando em um animal de vida livre!



As pessoas geralmente são movidas para agir. Como você acha que as pessoas podem causar impacto?


Nós podemos impactar de duas formas, tanto positivamente quanto negativamente.

Uma forma poderosa de minimizar os impactos nocivos das nossas ações no meio ambiente é reconsiderando os nossos hábitos de consumo. Sabemos que deixar de comer carnes e derivados de animais, incluindo os tubarões, pode ser um ótimo começo. Deixar de comer cação, que é o nome comercial dado para a carne de

tubarão, é uma ação importante para a conservação da espécie, já que muitas delas estão em algum grau de ameaça de extinção.

Outra ação relevante é passar esse conhecimento adiante, buscar sensibilizar as pessoas ao nosso redor, sempre procurando aprender e estar disposto e disposta as mudanças positivas provindas desse novo jeito de viver e se posicionar no mundo. Sejamos seres conscientes e questionadores em constante aprendizado e mudança.


Finalmente, se você fosse uma criatura do oceano, o que seria?


Se eu pudesse ser um animal marinho, certamente seria uma raia. As raias fazem parte do mesmo grupo dos tubarões, Elasmobranchii. São tão belas, leves e fluidas que eu chego a me emocionar. Parece que voam embaixo d’água! Me espelho nelas para evoluir como mergulhadora, buscando ser cada vez mais delicada e parte daquele ambiente.



CONHEÇA MAIS: @maysasantoro

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